quinta-feira, 28 de junho de 2012

Está Com Um Problema? - Thaís Petroff

                                            Primeiro, distraia...a solução virá!

Como simplesmente não pensar em algo é bastante difícil, uma técnica utilizada é buscar outras fontes para focar a atenção. Como não é possível ter ao mesmo tempo dois conteúdos presentes em nossa consciência, acaba-se, em função dessa “competição”, que um deles seja momentaneamente posto de lado (esquecido) enquanto o enfoque estiver no outro.



A técnica de distração é muito utilizada para ajudar a lidar principalmente com as emoções de ansiedade e tristeza é a distração. Ela não resolve o problema, mas ajuda a não agravá-lo ainda mais; bem como diminui o mal-estar e o desconforto desses sentimentos.



Então partimos do pressuposto que nossos pensamentos influenciam e até causam nossas emoções e, consequentemente, nossos comportamentos; evitar pensar em conteúdos negativos resulta em aos poucos dissipar o mal-estar causado pelos pensamentos negativos presentes anteriormente. 

Desse modo, o humor da pessoa que não fica ruminando ou focando-se nos  pensamentos negativos, tende a melhorar e assim facilita com que ela tenha ações mais assertivas e estratégicas.

Como simplesmente não pensar em algo é bastante difícil, uma técnica utilizada é buscar outras fontes para focar a atenção. Como não é possível ter ao mesmo tempo dois conteúdos presentes em nossa consciência, acaba-se, em função dessa “competição”, que um deles seja momentaneamente posto de lado (esquecido) enquanto o enfoque estiver no outro.

Aprenda a aplicar a técnica da distração

• Estar ansiosa para receber uma devolutiva de entrevista de emprego. Possíveis atividades distratoras: fazer faxina na casa, ligar para uma amiga para saber o que anda fazendo, caminhar no parque ouvindo música, etc...

• Estar deprimido: arrumar o chuveiro que queimou fazer palavras-cruzadas ou sudoku (quebra-cabeça), cozinhar, convidar um amigo para vir à sua casa, etc...
Mas se for uma pessoa do tipo muito mental (que pensa muito!) pode se dedicar a tarefas que ocupem a mente de forma mais plena como meditar, ler um bom livro, assistir um filme daqueles que te prendam atenção, jogar videogame ou, se souber, se dedicar a alguma atividade artística como tocar um instrumento, pintar e desenhar.

Essa técnica não resolverá o problema em questão, mas auxilia a pessoa a sentir-se melhor. Assim ela ganha mais motivação e possibilidade emocional de se reorganizar internamente e voltar aos poucos a fazer atividades que lhe tragam resultados positivos; bem como tranquilidade e equilíbrio para resolver esses problemas.

Como disse Fernando Sabino: “O que não tem solução, solucionado está.”

Então, ficar pensando repetidamente no problema, sem uma solução ainda, não irá resolvê-lo, mas sim trazer uma preocupação improdutiva que trará somente mal-estar.

Se após refletir um pouco sobre uma questão, não achar uma saída, tire o foco dela, vá fazer outras coisas, a resposta virá no tempo certo. Uma planta não dá frutos logo após você plantar a semente; há um tempo de maturação e desenvolvimento. 

Aqui, Agora, De Todo Coração – Ivan Martins


                               Como fazer a escolha mais delicada da sua vida?

Escolher é difícil. Pergunte a um psicólogo e ele vai explicar por que gente obrigada a optar entre uma coisa e outra – qualquer que sejam essas coisas – sente ansiedade. Isso acontece em lojas de sapato, em restaurantes, na porta do cinema e até no sexo. Uma amiga me contou outro dia como foi estar numa festa e ter dois homens sedutores dando em cima dela. “Tive de escolher um deles, mas com um aperto no coração”, ela me disse. No dia seguinte, o bonitão que ela escolheu caiu no vácuo e nunca mais deu notícias. Escolher, ela aprendeu, é abrir mão de alguma outra coisa - e as conseqüências podem ser irreversíveis.

Infelizmente para nós, nem todas as escolhas são tão simples quanto a do sexo na balada. Penso na escolha mais delicada que a gente faz na vida, aquela que envolve os parceiros de longo prazo. Em que momento concluímos que uma pessoa deixou de ser apenas item de prazer ou fonte de encantamento e se tornou a criatura com quem vamos dividir a vida? Pode ser casando, comprando apartamento e tendo filhos, ou, de forma menos ritualizada, pondo os sentimentos e necessidades dela no centro da nossa vida, mesmo vivendo em casas separadas. O compromisso é parecido, assim como os caminhos que levam a ele.


A primeira coisa que conta nas grandes escolhas – eu acho - é a permanência. Ninguém tem direito a reivindicar um posto dessa importância sem ter ralado um tanto. Não adianta a Fulana decidir, em 30 dias, que vai ser sua mulher para o resto da sua vida. Não funciona assim. O teste do tempo é fundamental. Se aquela mulher ou aquele sujeito continua lá depois de todas as discussões e inevitáveis desencontros, se ela ou ele resolveu ficar depois de todas as chances de ir embora, se os seus sentimentos em relação a ele ou ela continuam vivos, um bom motivo há de haver. 

É essencial, também, que a experiência de convívio seja boa. Amores tumultuados dão bons filmes e péssimas vidas. É essencial acordar no sábado e ter vontade de ficar mais tempo na cama, enrolado naquele ser ao seu lado. Se a conversa antes de dormir deixou de ser gostosa ou se qualquer programa parece mais interessante do que a companhia dela ou dele, para que insistir? O prazer que o outro proporciona é essencial. Prazer de transar, prazer de olhar, prazer de ouvir, prazer de simplesmente estar. Se você caminha pela rua com ela e os dois são capazes de rir um com o outro, algo vai bem. Se você passa a tarde com ele no sofá, lendo ou transando, e o dia parece perfeito, eis um bom sinal. A felicidade não tem receita, mas a gente percebe quando está funcionando.


Para que as coisas funcionem no longo prazo é essencial haver lealdade. Eu cuido, eu protejo, eu respeito – e você faz o mesmo comigo. Se você não sente que seus sentimentos e a sua vida são importantes para ele ou para ela, desista. Como o ambiente lá fora é hostil, é essencial saber que no interior da relação existe cumplicidade e abrigo, com um grau elevado de honestidade: você diz o que pensa e isso vai ajudar, ainda que doa. É impossível prometer que coisas ruins jamais irão acontecer, é falso garantir que os sentimentos permanecerão os mesmos para sempre, mas é essencial olhar nos olhos do outro e sentir a disposição de tentar, verdadeiramente, que seja assim. Aqui, agora, de todo o coração, tem de ser para sempre – ou então a gente nem começa.

Se tudo isso existir – e não é fácil – ainda fará falta um quarto elemento, essencial ao equilíbrio duradouro das relações: os planos. Se ele que ter cinco filhos e você não quer ser mãe, não vai rolar. Se ela quer levar uma vida de viagens e aventura e o seu sonho é ficar aqui mesmo, perto das famílias e dos amigos, não deu. Viver bem pressupõe afinidades essenciais de gosto, sentimento e expectativas, sem falar de ideologia. Todas essas coisas se refletem nos planos. Eu penso no amor como um voo de longa distância. O avião precisa estar carregado com o tempo da relação, com o prazer que ela proporciona e com a lealdade em que ela está baseada – mas as pessoas ainda têm de concordar sobre o destino. Se eu quero ir à Tóquio e você à Nova York, precisamos embarcar em vôos diferentes.

Por Dentro Do Cérebro – Paulo Niemeyer Filho



Parte da entrevista do neurocirurgião Dr.Paulo Niemeyer Filho, para revista Poder:


O que fazer para melhorar o cérebro ?

Você tem de tratar do espírito. Precisa estar feliz, de bem com a vida, fazer exercício. Se está deprimido, reclamando de tudo, com a autoestima baixa, a primeira coisa que acontece é a memória ir embora; 90% das queixas de falta de memória são por depressão, desencanto, desestímulo. Para o cérebro funcionar melhor, você tem de ter alegria. Acordar de manhã e ter desejo de fazer alguma coisa, ter prazer no que está fazendo e ter a autoestima no ponto.

A cabeça tem a ver com alma? 

Eu acredito que a alma está na cabeça. Quando um doente está com morte cerebral, você tem a impressão de que ele já está sem alma... Isso não dá para explicar, o coração está batendo, mas ele não está mais vivo. Isto comprova que os sentimentos se originam no cérebro e não no coração.

O que se pode fazer para se prevenir de doenças neurológicas? 

Todo adulto deve incluir no check-up uma investigação cerebral. Vou dar um exemplo: os aneurismas cerebrais têm uma mortalidade de 50% quando rompem, não importa o tratamento. Dos 50% que não morrem, 30% vão ter uma seqüela grave: ficar sem falar ou ter uma paralisia. Só 20% ficam bem. Agora, se você encontra o aneurisma num checkup, antes dele sangrar, tem o risco do tratamento, que é de 2%, 3%. É uma doença muito grave, que pode ser prevenida com um check-up.

Você acha que a vida moderna atrapalha? 

Não, eu acho a vida moderna uma maravilha. A vida na Idade Média era um horror. As pessoas morriam de doenças que hoje são banais de ser tratadas. O sofrimento era muito maior. As pessoas morriam em casa com dor. Hoje existem remédios fortíssimos, ninguém mais tem dor.

Existe algum inimigo do bom funcionamento do cérebro?

Todo exagero!
Na bebida, nas drogas, na comida, no mau humor, nas reclamações da vida, nos sonhos, na arrogância, etc.
O cérebro tem de ser bem tratado como o corpo. Uma coisa depende da outra.É muito difícil um cérebro muito bom num corpo muito maltratado, e vice-versa.

Qual a evolução que você imagina para a neurocirurgia?

Até agora a gente trata das deformidades que a doença causa, mas acho que vamos entrar numa fase de reparação do funcionamento cerebral, cirurgia genética, que serão cirurgias com introdução de cateter, colocação de partículas de nanotecnologia, em que você vai entrar na célula, com partículas que carregam dentro delas um remédio que vai matar aquela célula doente que te faz infeliz. Daqui a 50 anos ninguém mais vai precisar abrir a cabeça.

Você acha que nós somos a última geração que vai envelhecer? 

Acho que vamos morrer igual, mas vamos envelhecer menos. As pessoas irão bem até morrer. É isso que a gente espera. Ninguém quer a decadência da velhice. Se você puder ir bem mentalmente, com saúde, e bom aspecto, até o dia da morte, será uma maravilha.

Hoje a gente lida com o tempo de uma forma completamente diferente. Você acha que isso muda o funcionamento cerebral das pessoas? 

O cérebro vai se adaptando aos estímulos que recebe, e às necessidades. Você vê pais reclamando que os filhos não saem da internet, mas eles têm de fazer isso porque o cérebro hoje vai funcionar nessa rapidez. Ele tem de entrar nesse clique, porque senão vai ficar para trás. Isso faz parte do mundo em que a gente vive e o cérebro vai correndo atrás, se adaptando.

Você acredita em Deus? 

    Geralmente depois de dez horas de cirurgia, aquele estresse, aquela adrenalina
    toda, quando acabamos de operar, vai até a família e diz:           

    "Ele está salvo".

    Aí, a família olha pra você e diz: 

   "Graças a Deus!".

    Então, a gente acredita que não fomos apenas nós, 
    que existe algo mais, independente de religião.

sexta-feira, 22 de junho de 2012

Mulher Que Amava Demais Se Recuperou – Robin Norwood

1. Ela se aceita completamente, mesmo quando quer modificar partes de si. Existe uma autoconsideração e um amor por ela mesma que são básicos, e que devem ser alimentados.

2. Ela aceita os outros como são, sem tentar modificá-los para satisfazer suas necessidades.

3. Ela esta ciente de seus sentimentos e atitudes com relação a cada aspecto de sua vida, inclusive sua sexualidade.

4. Ela cuida de cada aspecto dela mesma: sua personalidade, sua aparência, suas crenças e valores, seu corpo, seus interesses e realizações. Ela se legitima, em vez de procurar um relacionamento que dê a ela um senso de autovalor.

5. Sua auto-estima é grande o suficiente para que possa aproveitar a companhia de outras pessoas, principalmente de homens, que são bons exatamente como são. Não precisa ser necessária para se sentir digna de valor.

6. Ela se permite ser aberta e confiante com pessoas adequadas. Não tem medo de ser conhecida num nível profundamente pessoal, mas também não se abre à exploração daqueles que não estão interessados em seu bem-estar.

7. Ela pergunta: "Esse relacionamento é bom para mim? Ele me dá oportunidade de me transformar em tudo o que sou capaz de ser?"

8. Quando um relacionamento é destrutivo, ela é capaz de abandoná-lo sem experimentar uma depressão mutiladora. Possui um círculo de amigos que a apoiam e tem interesses saudáveis, que a ajudam a superar crises.

9. Ela valoriza a própria serenidade acima de tudo. Todos os conflitos, o drama e o caos do passado perderam sua atração. É protetora de si mesma, de sua saúde e de seu bem-estar.

10. Ela sabe que um relacionamento, para dar certo, deve acontecer entre dois parceiros que compartilhem valores, interesses e objetivos semelhantes, e que possuam ambos capacidade para serem íntimos. Também sabe que é digna do melhor que a vida tem a oferecer.

Relações Toxicas – Dorit Wallach Verea

O tempo passou, mas amar e ser amado continua sendo inesgotavelmente discutido e analisado, assim como continua sendo fonte de grandes emoções como alegria, êxtase, tristeza, dor e ilusão etc. Podemos concluir que se relacionar afetivamente não é um negócio fácil.

O vínculo amoroso:

Todos os tipos de relacionamento humano subentendem algum grau de conflito. A relação conjugal condensa expectativas de satisfação de muitas necessidades antigas que, armazenadas ao longo dos anos, renascem com a esperança de redenção na interação com o parceiro. Esse é o fenômeno que torna complexo o relacionamento afetivo: o fato de as pessoas atribuírem ao outro e à própria relação a condição de resolver suas necessidades internas, muitas vezes contraditórias.
Uma das condições que confere às relações amorosas um papel tão valioso refere-se ao seu potencial de contribuição para o crescimento pessoal. O relacionamento afetivo tanto pode constituir-se em um campo fértil para o crescimento pessoal que leva à autonomia, à maturidade e à estabilidade, quanto em um campo para a permanência de conflitos e expressão de desejos primitivos não satisfeitos.

Os problemas e as dificuldades dos casais são fruto de um jogo conjunto inconsciente, presente desde a escolha do parceiro, e tendem a ser de quatro tipos:

Primeiro - Observado em casais em que a interação se define com um parceiro mantendo-se na posição de protetor, enquanto o outro permanece em um papel frágil e dependente, compondo, assim, um padrão relacional cuidador-desamparado.

Segundo - Ocorre quando um dos parceiros perpetua-se no papel de “dominador”, enquanto o outro exerce um papel passivo.

Terceiro - É aquela situação em que somente um dos parceiros realiza seu potencial, enquanto o outro renuncia às próprias necessidades e desejos em favor deste.
Quarto - Mostra uma relação de inveja e rivalidade, promovendo uma competição crônica pelo poder.

A relação tóxica:

A intensidade, a freqüência e a forma com que são vivenciados esses tipos de relacionamentos acima determinam seu grau de toxicidade.   É tóxica qualquer forma de se relacionar que precise anular, desqualificar e diminuir a si ou ao outro, para que se sinta valorizado, amado e respeitado. Numa relação tóxica há poucas condições de crescimento afetivo, intelectual e psicológico para ambos.
Permanecer muito tempo em relacionamentos tóxicos compromete a autoimagem. Desta forma, o pensamento e a autopercepção distorcidos fazem a pessoa permanecer e alimentar o relacionamento nocivo, pois, desse seu ponto de vista "ruim com ele, pior sem", isso é o máximo que a pessoa acredita que pode conseguir em termos afetivos.
A primeira coisa a fazer para sair dos relacionamentos tóxicos é o autoconhecimento, incluindo descobrir como aprendeu a se relacionar e que pensamentos disfuncionais inconscientes sustentam seu modo de encarar amor e relacionamento. Nada fácil. Portanto, se precisar busque ajuda, mas não se intoxique mais.

Agressividade Masculina – Hype Science

Quem sai à noite (principalmente) sabe que a maior parte das brigas são entre homens. Apesar de vez ou outra as mulheres partirem para a ignorância, arrancando cabelos e distribuindo tapas, os homens ainda são os mais responsáveis por tais situações desagradáveis.
Agora os valentões podem até dar uma justificativa (mas não uma razão): a seleção sexual. O pesquisador John Archer, da Sociedade de Psicologia Britânica, aponta para uma série de evidências que explicam a agressividade masculina com a competição histórica entre eles.


O pesquisador analisou estudos que mostram a época de maior violência como sendo a juventude, os “20 e poucos anos”. Ele também comenta que há muito menos homicídios entre as mulheres, além da freqüência maior de comportamentos arriscados na presença de outros homens. Outra diferença entre os sexos é a severidade no uso da violência.


De acordo com Archer, uma série de modificações masculinas, durante a adolescência, ajudam nesse comportamento. Aquela voz meio fina, meio grossa, do seu irmão mais novo; o bigode ralinho que começa a nascer… São sinais dos hormônios aumentando, e isso gera mais tendência à agressividade. Também, as diferenças de peso, altura e força, em relação às mulheres, mostram uma evidência de adaptação masculina para combate.


Archer também comenta que dois princípios fundamentais influenciam na agressividade e na violência: desigualdade de riquezas e alto índice sexual entre os jovens.
“A pesquisa evidencia que as questões sociais, como a riqueza e a competição entre os homens, podem contribuir para a violência que vemos hoje”, finaliza o pesquisador.

Homens Abusivos – Carlos Roberto Barcelos Dias

Homens abusivos são freqüentemente, eles mesmos, sobreviventes de abuso. O comportamento de um homem abusivo pode variar desde o abuso emocional, verbal, até o físico e sexual. 

Freqüentemente um homem abusivo emocionalmente é também um homem abusivo verbalmente ou uma combinação de todos os tipos acima. Sinais de um homem abusivo podem usualmente ser encontrados depois de alguns momentos no início da relação se você prestar atenção. Faça muitas perguntas e alguma investigação a respeito do seu passado.


Relações abusivas são caracterizadas por jogos de controle, violência, ciúmes, de abstinência sexual e de frieza emocional. É difícil identificar um homem abusivo. Costuma ser esperto e pode facilmente fazer com que você pense que não é boa o suficiente e que tudo é por sua culpa. É tão difícil recuperar-se de um abuso emocional como é de um abuso físico. O abuso emocional provoca baixa auto-estima e depressão. Um homem abusivo pode dizer que ama você e que ele irá mudar, portanto você não tem que deixá-lo. No entanto, quanto mais vezes você o recebe de volta, mais controle ele ganhará sobre você. Promessas vazias tornam-se a norma. Tenha certeza de prestar atenção em suas ações e não apenas em suas palavras. Relacionamentos abusivos nunca são abusivos no início. Se eles fossem, as mulheres descartariam um homem abusivo imediatamente e procurariam um bom homem.

Há dez sinais a respeito de um homem abusivo. Se o seu parceiro apresenta um ou mais desses sinais, reavalie seu relacionamento e procure ajuda ou caia fora.

1. Ciúmes e possessividade- É ciumento de sua família, de seus amigos, e colegas de trabalho. Tenta isolar você. Vê as mulheres e suas crianças como sua propriedade em vez de indivíduos únicos. Acusa você, sem razão, de traição ou de flertar com outros homens. Pergunta onde você estava e com quem estava de uma maneira acusadora.

2. Controle - ele exige abertamente que seu tempo e você sejam o centro de sua atenção. Ele controla as finanças, o carro, e as atividades que praticam juntos. Torna-se raivoso quando você começa a mostrar sinais de independência ou força.

3. Superioridade - ele sempre está certo, tem que ganhar sempre ou estar no comando. Ele sempre justifica suas ações de modo a estar sempre “certo” para você e os outros. Um homem abusivo verbalmente irá falar de cima para baixo com você e a xingará a fim de sentir-se melhor. O alvo de um homem abusivo é fazer você sentir-se fraca de modo que ele possa ser poderoso. Abusadores são frequentemente inseguros e seu poder faz com que sintam-se melhor a respeito de si mesmo.

4. Manipulação - ele lhe diz que você é louca ou estúpida de modo a que a culpa caia sobre você. Ele tenta fazer você pensar que é sua culpa de ele ser abusivo. Diz que não pode fazer nada quanto a ser abusivo de modo que você sinta a pena dele e continue tentando ajudá-lo. Mas diz aos outros que você é instável.

5. Mudanças de humor - o seu humor muda de agressivo e abusivo para uma aparência humilde, desculpando-se e tornando-se amoroso depois que o abuso aconteceu.

6. Suas ações não correspondem a suas palavras - ele quebra promessas, diz que ama você e depois abusa de você.

7. Pune você - um homem abusivo emocionalmente pode privá-la de sexo, de intimidade emocional, ou joga um jogo silencioso como punição quando ele não consegue as coisas do seu jeito. Ele abusa verbalmente de você por criticá-la frequentemente.

8. Não quer procurar ajuda - um homem abusivo não pensa que alguma coisa está errada com ele então porque ele precisa de ajuda? Ele não reconhece suas faltas ou culpa sua infância e circunstâncias exteriores.

9. Desrespeita as mulheres - demonstra falta de respeito em relação a sua mãe, irmãs, ou qualquer mulher em sua vida. Pensa que as mulheres são estúpidas e sem valor.

10. Tem uma história de abuso mulheres, ou a animais, ou foi abusado ele mesmo - Agressores físicos repetem seu padrão e procuram mulheres que são submissas e possam ser controladas. O comportamento abusivo pode ser uma disfunção geracional e homens abusados têm uma grande chance de tornar-se a acusadores. Homens que abusam de animais são mais capazes de abusar de mulheres também.

Se você continua em um relacionamento abusivo porque pensa que ele mudará e que começará a tratá-la bem, pense novamente. Um homem abusivo não muda sem uma terapia de longo prazo. Sessões de aconselhamento em grupo podem ser particularmente boas em ajudar um homem abusivo a reconhecer seu padrão abusivo. Drogas e álcool podem criar ou aumentar o abuso em um relacionamento. Os grupos de ajuda mútua como Alcoólicos Anônimos, Narcóticos Anônimos são programas excelentes para um adicto. A esposa de um abusador deverá enfrentar um grupo de codependência.


Se o homem abusivo não estiver disposto a procurar ajuda, então você deve começar a agir para proteger a si mesma e os filhos saindo de casa. Permanecer em um relacionamento abusivo significa que você concorda com ele. Se você estiver com medo de não ser capaz de sobreviver por conta das finanças, começe a procurar ajuda buscando a família, amigos, e sua igreja e descubra como eles poderão ajudá-la. Uma vez que você tenha saído, o abusador pode chorar e pedir perdão mas não volte atrás até falar com seu conselheiro e ele completar uma terapia de longo prazo bem-sucedida. Esteja preparada para o aumento da pressão pelo abusador pois ele perdeu o controle. Se o seu parceiro não está desejosos de procurar ajuda para seu comportamento abusivo, a sua única opção é sair fora.

Desejo de intimidade – Ivan Martins

Talvez seja isso que você sinta e não vontade exatamente de transar.
 De vez em quando, muito de vez em quando, eu tenho a impressão de que entendi algo sobre as pessoas que elas mesmas ainda não perceberam.   Aconteceu outro dia, no meio de uma conversa banal sobre relacionamentos. Minha interlocutora, muito jovem, reclamava da dificuldade em lidar com os homens depois que eles cruzam uma linha invisível (mas muito real) de desejo.

“Não dá para dizer, simplesmente, que eu curti até ali, quero continuar, mas não tenho vontade de avançar. Eles não entendem”, ela se queixou. “Tem de ser tudo ou nada: ou mando o cara embora ou passo para a próxima etapa, mesmo sem estar com muita vontade.” Às vezes, ela gostaria de ficar nos beijos. Outras vezes, o que ela chamou de “curiosidade” vai mais longe, mas não chega ao ponto de transar. Em outras ocasiões, ela desejaria dizer para o sujeito: “Fica por aqui, me abraça, a gente dorme de conchinha e amanhã voltamos a esse assunto”.

Ela pensa essas coisas, mas não diz. Vai para o tudo ou nada, antecipando que qualquer dos caminhos será insatisfatório.

Embora pareça “conversa de mulher” ou coisa de “gente jovem” (que ainda não descobriu seus próprios limites), a reclamação da moça talvez seja mais universal. Acho que homens e mulheres, jovens e mais velhos, todos são capazes de identificar em si esse sentimento difuso e mal compreendido que a moça expressa - e que eu, por falta de outro nome, chamaria de “desejo de intimidade”.

Ele aparece quando se está tomado de carinho e interesse por alguém, sem que isso, necessariamente, se manifeste como vontade de transar. A pessoa quer se aproximar da outra, beijar, tocar e explorar. É físico, mas tem uma natureza mais afetiva, de aconchego. Pode virar uma transa e, frequentemente, vira - mas não começa assim, e não precisa terminar assim. Às vezes as pessoas não querem que termine, ou não estão prontas para que termine. Se a outra parte insiste demais, azeda. Se a própria pessoa não percebe seus sinais, e avança quando não deveria, também vira um ato forçado, com resultados dolorosos, instantâneos ou posteriores. Com o “desejo de intimidade” em mente, talvez fique mais fácil entender alguns dos nossos comportamentos – e várias das nossas hesitações.

Tente se lembrar daquela mulher que você levou para jantar na sua casa. Tudo parecia perfeito, mas, na hora em que vocês finalmente aterrissaram no sofá, ela começou a se esquivar. Beijos, sim. Carinhos, sim. Mas, não, ela não iria tirar a roupa. Diante da sua insistência em mudar de marcha e chegar logo à próxima curva, ela saiu da pista: levantou-se, arrumou o vestidinho e foi embora, parecendo mais triste do que indignada.

É difícil entender essas coisas. Por que alguém que parecia querer transar muda de ideia? Por que se pode avançar até aqui e a partir daqui não pode mais? Os homens ficam perplexos com isso. Minha teoria é que talvez a moça tivesse apenas “desejo de intimidade” e não exatamente vontade de transar. Queria ficar juntinho, trocar beijos e agarros, mas com a segurança de que não iria passar daquilo - por quaisquer que fossem as suas razões.

Homens também têm dessas contrariedades. É provável que você, leitor, já tenha se achado na situação de não querer ou não conseguir transar. Já parou para tentar entender o que aconteceu? É possível que, por trás da ausência de rigidez, estivesse o “desejo de intimidade”: você talvez quisesse carinho, aceitação e conchego, mais do que uma boa transa. Acontece. Carências, tristezas ou sentimentos doces em relação à parceira costumam provocar esse tipo de vontade – ou desvontade, dependendo de como se olhe.

Os homens lidam especialmente mal com isso. Para nós, a possibilidade de sexo não realizada é uma broxada, ponto. Palavra devastadora que esconde uma dezena de situações diferentes. Talvez nos faltem outras palavras para lidar com isso, outras ideias. Como “desejo de intimidade”. Se o sujeito puder perceber que está mais ternura do que tesão, mais abraço do que penetração, tem a chance de negociar uma “trégua” com a parceira. Quem sabe ela também não adora a ideia?

Isso nos leva a outra vantagem da nova abordagem, o uso da palavra. Ao contrário do sexo puro e simples, que tende (pelo menos no início das relações) a ser mudo, o “desejo de intimidade” é um estado que permite conversar. Demanda conversa, na verdade. Acho que muitas vezes nos falta isso: colocar os sentimentos na mesa, como eles se apresentam no momento, em vez de seguir a contragosto (ou no piloto automático) um roteiro pré-programado de procedimentos sexuais. Temos inibições em conversar, mas não deveríamos.

Falando, a moça do sofá poderia explicar, sem embaraços, que os amassos estão bons, mas que ela, naquele momento, não gostaria de ir mais longe. “Desejo de intimidade”, sabe como é. O garanhão enternecido poderia fazer o mesmo: definir os limites da sua situação emocional com a parceira, usando uma linguagem que não o envergonhe e nem faça com que ela se sinta indesejável. O “desejo de intimidade” talvez ajude.

Há algo de cômico e pretensioso na ideia de inventar uma expressão nova para definir situações e sentimentos tão velhos que, provavelmente, já foram detectados e nomeados uma centena de vezes - mas não importa. O essencial é apontar a importância de nos livrarmos das convenções e dos automatismos quando se trata da nossa intimidade. O essencial é ter coragem de falar, de se colocar, ainda que os sentimentos do momento pareçam estar muito fora da caixa. O essencial, eu acho, é evitar que os desencontros de corpos e sentimentos nos magoem e nos afastem desnecessariamente.

Há muita vergonha, muito ressentimento e muito pouca conversa quando se trata da nossa intimidade. Falemos uns com os outros, portanto.  

Um Mal Chamado Co-Dependência – Bety France

Considero relevante escrever sobre este tema, não só por ele prevalecer nas discussões atuais, como para evitar que pais e educadores perpetuem o mesmo ciclo de abusos e interação familiar disfuncional que geram filhos co-dependentes ou portadores de outras doenças.

Minha prática clínica revela como a aplicação de Técnicas de Educação Disfuncionais e um ambiente familiar contaminado pelo alcoolismo e outras desordens compulsivas podem comprometer o desenvolvimento humano e favorecer o surgimento de doenças, mais enfaticamente desta de que trato aqui, a Co-dependência.

Infelizmente, muitas famílias estão imersas em situações problemáticas, mas preferem a acomodação à transformação. Afinal, transformação requer trabalho árduo e gera desconforto. Muitas vezes conviver com um problema conhecido é mais fácil. A negação do problema é uma forma de manter a doença, evitar os sentimentos de ansiedade, medo, culpa, e preservar a homeostase familiar.

Inicialmente, acreditava-se que as raízes da Co-dependência estavam relacionadas às experiências de abuso da infância e à maneira como fomos afetados pela convivência com pessoas viciadas em álcool ou com outras desordens compulsivas.

A convivência com alguém doente e fora de controle por causa da dependência química parecia determinar os sentimentos (vergonha, medo, raiva, dor) e comportamentos dos outros membros da família. O membro viciado tornava-se o foco principal da família, mobilizando os demais para assumir seus cuidados de maneira compulsiva. Na verdade, codependentes e dependentes químicos apresentam condições físicas e emocionais similares - um é viciado em drogas, o outro, em relacionamentos obsessivos.

Porém em alguns casos, observou-se que, quando os alcoólatras ficam curados, o comportamento co-dependente da família permanece e às vezes até se intensifica. Então, passou-se a suspeitar que as causas ocultas dessa doença antecedessem o vício da bebida, e que outros fatores poderiam produzir um co-dependente.

Sem dúvida, ter um educador negligente e abusivo e um ambiente familiar contaminado por vícios e desordens compulsivas são fatores intimamente relacionados ao surgimento da Co-dependência em outros membros da família, mas definitivamente não são os únicos capazes de deflagrar a doença.

Embora cada co-dependente apresente uma experiência única originada de sua convivência familiar e de sua personalidade, um ponto comum aparece em todas as histórias de Co-dependência - a influência dos outros sobre o comportamento do co-dependente e a maneira como o co-dependente tenta influenciar os outros (sejam alcoólatras, sejam viciados em jogos ou compulsivos sexuais, sejam indivíduos com reações excessivamente emocionais ou indivíduos sem autonomia financeira).

Em essência, os co-dependentes são muito sensíveis aos problemas alheios, dizem sim quando querem dizer não, guardam o que sentem para não ferir os sentimentos alheios, preferindo ferir a si mesmos. Essas pessoas freqüentemente parecem ser delicadas e prestativas, tentam ajudar em nome do amor. Porém, o exame mais minucioso revela que elas têm enorme necessidade de controlar e manipular o outro e fazer o que querem.

Como todo investimento para controlar o outro é inútil, o co-dependente sente-se impotente. O arrependimento e a autopiedade surgem, fazendo-o sentir-se usado. E para piorar a situação, a pobre pessoa "a quem tentamos resgatar não é capaz de demonstrar gratidão". Co-dependentes dão mais do que recebem, e depois se sentem abusados e negligenciados. Seu maior inimigo chama-se autovalorização reduzida.

Co-dependência é uma dependência paradoxal. Embora os co-dependentes pareçam objetos da dependência, eles é que são dependentes. Parecem fortes, mas se sentem indefesos. Parecem controladores, mas na realidade são controlados pelos vícios e comportamentos de outras pessoas. Co-dependentes não são mais disfuncionais ou doentes que os dependentes químicos, mas sofrem tanto quanto eles, ou mais. Pois comumente suportam sua dor sem o efeito anestésico do álcool ou de outras substâncias químicas.

A Co-dependência pode desencadear, entre outros comportamentos e sensações, abuso de substâncias químicas, violência familiar e ansiedade.

Na verdade, ainda não se chegou a um consenso se a Co-dependência deve ser definida como doença ou como reação normal a pessoas anormais. Particularmente, considero a Co-dependência uma enfermidade progressiva, que mantém e alimenta a doença das outras pessoas, impedindo-as de conquistar a autonomia e assumir responsabilidades. Co-dependentes desejam e precisam de pessoas doentes e dependentes a sua volta, pois só assim se sentem felizes a sua maneira - patológica.

A dependência pode ser química, emocional, financeira e física conforme a doença - clínica ou mental.

Sua progressão pode desencadear depressão com pensamentos suicidas, desordens alimentares, abuso de substâncias químicas, violência familiar, relações sexuais extra-conjugais ou promíscuas, emoções ou explosões intensas, hipervigilância, ansiedade, confiança ou negação excessiva e doenças clínicas crônicas. E, ao contrário dos dependentes químicos, os co-dependentes a que aqui me refiro dificilmente recebem tratamento, pois sua recompensa são justamente os cuidados que dedicam aos outros e os esforços que envidam para agradá-los.

Porto (in)seguro

O perfil familiar mais observado clinicamente apresenta as seguintes características: vínculos de dependência simbiótica, indefinição hierárquica, ausência de limites.
Observo que as famílias com esta problemática são aquelas em que não existe diálogo, cujo pai é ausente/omisso, não assume responsabilidades pela educação dos filhos, e cuja mãe é superprotetora, controladora e hiperfuncionante.

Famílias que não fornecem um conjunto de regras de conduta social e negligenciam necessidades básicas (higiene, alimentação, educação, saúde). Crianças que não tiveram suas necessidades básicas supridas, não se sentem dignas de afeto e temem o abandono - para evitá-lo, quando adultas cuidam compulsivamente dos outros.

No extremo oposto, as famílias que protegem excessivamente os filhos, não lhes permitindo enfrentar as conseqüências do próprio comportamento e fazer suas próprias escolhas. A superproteção dos pais retarda o desenvolvimento da autonomia, e do interesse dos filhos por atividades extrafamiliares. Esses pais com freqüência apresentam muita intimidade com os filhos, fazendo deles seus confidentes e compartilhando segredos que estão além do seu nível de entendimento. Ausência de hierarquia e excesso de intimidade são atitudes abusivas.
Pessoas que foram criadas em lares disfuncionais têm seus limites danificados de várias maneiras, sendo protegidas em demasia ou insuficientemente. Os pais co-dependentes sempre atuam nos extremos, podem ser muito rígidos com os filhos na disciplina ou totalmente permissivos.

Se os pais orientam de maneira inadequada o estado de dependência da criança, esta se torna ou excessivamente dependente, sentindo-se necessitada e carente em excesso, ou antidependente, quer dizer, desprovida de necessidades e desejos.

Crianças criadas em famílias disfuncionais podem parecer comportadas, ajustadas, empreendedoras e bem-sucedidas; ou mimadas, dominadoras e autodestrutivas.
Ambos os conjuntos de características podem refletir as adaptações internas que essas crianças fizeram para sobreviver na respectiva família disfuncional. Mas sabemos, agora, que esses ajustamentos conduzem à co-dependência na idade adulta.

Abuso e Co-dependência

Filhos de pais disfuncionais podem sofrer todas as formas de abuso manifestas ou veladas (físico, sexual, emocional, intelectual e espiritual). E o abuso pode conferir poder à vítima ou debilitá-la.

Uma das principais características que distinguem um sistema familiar disfuncional de um funcional é que neste há uma forte aliança entre os pais, que cooperam para a resolução de conflitos e para a satisfação das necessidades dos filhos. Além disso, usam-se do papel de pais para exercerem autoridade. Na família disfuncional, as crianças existem para suprir as necessidades dos adultos.

Crianças devem simplesmente ser crianças, dedicando-se às tarefas de sua faixa etária que promovam seu desenvolvimento. Não é responsabilidade das crianças zelar pelos pais e pelos irmãos, é dos pais. As formas de abuso sexual e emocional são os mais alarmantes exemplos de crianças sendo usadas para satisfazer as necessidades dos pais.
Identificação e diagnóstico

A Co-dependência é identificada por muitos profissionais como processo doloroso e quase onipresente em certos grupos de nossa sociedade. Estimase que 80% das pessoas são co-dependentes em algum grau.
Timmon Cermak, no Journal of Psycoative Drugs (1986), sustenta que a Co-dependência pode ser definida dentro dos critérios DSM-III para os distúrbios mistos de personalidade. Concordo com seu critério e ressalto que este problema se relaciona com doenças DSMestabelecidas, principalmente com o distúrbio de personalidade dependente. Acredito que nos encontramos diante de uma necessidade iminente de investigação de um grave distúrbio de personalidade. Mas enquanto não fizermos uma pesquisa conclusiva, não poderemos ser categóricos, classificando a Co-dependência como distúrbio de personalidade.

Uma vez que aceitamos que a Co-dependência existe em igualdade de condições com outros distúrbios de personalidade, como o distúrbio de personalidade limítrofe, narcisista ou dependente, deve ficar claro que ela deve ser tratada com o mesmo nível de preocupação.
Inicialmente, é muito difícil perceber a doença, pois os que dela sofrem podem se esconder atrás de uma máscara de adequação e sucesso destinada a obter aprovação. Ter dinheiro é uma das mais poderosas experiências que mascara a insegurança pessoal e a falta de auto-estima.

Os co-dependentes podem disfarçar seus verdadeiros sentimentos em relação a si mesmos, escolhendo as roupas certas, mantendo o cabelo sempre arrumado, vivendo na casa adequada e tendo os melhores empregos. Neste caso, a ausência de valor pessoal está freqüentemente conectada ao que fazem ou não, o que representa boa parte dos conflitos internos.

Embora não exista um número exato de características que garantam que uma pessoa é ou não co-dependente, pode-se criar um panorama geral para facilitar a identificação:
Relacionamentos destrutivos e forte tendência a ligar-se a pessoas com dificuldades;
Relacionamento primário com um dependente químico ativo durante pelo menos dois anos sem procurar ajuda externa;
Preocupação com o outro se transforma em obsessão;
Negligência pessoal x zelo excessivo pelos outros;
Autovalorização reduzida;
Recusa em gozar a vida;
Trabalho compulsivo;
Perfeccionismo;
Sentimento de culpa
Sentimento de obrigação;
Fuga de relacionamentos para não ter intimidade;
Fuga de compromissos.
  
Abuso Emocional

É provavelmente a forma mais freqüente de abuso. É expresso pelo abuso verbal, abuso social e pela negligência ou abandono das necessidades do outro. O abuso verbalizado são os gritos, xingamentos, o sarcasmo e a admoestação humilhante e desrespeitosa, que faz os filhos sentir-se inferiores e inadequados. Pais críticos geram filhos temerosos de tudo: de não conseguirem fazer nada certo, de não serem aprovados na escola, de não aprenderem língua estrangeira.
Em qualquer sistema familiar, até mesmo nos funcionais, os pais ocasionalmente deixam de agir em benefício das crianças. Não existem pais perfeitos, e é provável que todos sejam pouco atenciosos de vez em quando. Porém, responsabilizam-se por suas imperfeições e pedem desculpa. Pais saudáveis confrontam a criança quando algo não é adequado mas de maneira firme, sem ferir-lhe a identidade.
Negligenciar qualquer necessidade do filho, interferindo arbitrariamente na escolha e acesso aos amigos (vida social), como alimentação, vestuário, abrigo, assistência médica, carinho físico e emocional (tempo, atenção, educação), informação e orientação sexual e financeira é expor as crianças a situações de abuso, dificultando seu desenvolvimento em direção à maturidade.

"A PRIORIDADE DO CUIDADOR É IMPEDIR QUE AS PESSOAS CRESÇAM. O DISCURSO USUAL DO CO-DEPENDENTE É "DEPOIS DE TODA MINHA DEDICAÇÃO, VOCÊ NÃO PODE IR EMBORA"

Dependências químicas (drogas ou alcoolismo), vício de sexo, compulsão por jogo, vício de religião, distúrbios alimentares, consumismo compulsivo, vício de trabalho ou de qualquer ordem estão entre as principais razões que levam os pais a negligenciar os filhos. Os pais co-dependentes talvez experimentem vícios, doença física ou mental como uma maneira de evitar a realidade por não suportá-la.

O abuso sexual nem sempre é manifesto e óbvio, mas transfere consciente ou inconscientemente para o filho a responsabilidade de suprir suas carências
Todo vício é um processo compulsivo destinado a distrair a pessoa e afastá-la de uma realidade intolerável. Como tem a capacidade de mascarar a dor, seja qual for o vício, ele se torna a mais alta urgência na vida pessoa, tomando seu tempo e atenção de outras prioridades como seus filhos, que precisam de orientação e amor dos pais.
O abuso intelectual surge quando o pensamento da criança é ridicularizado, quando não é permitido expressar o que pensa ou ainda quando é reprovada porque seu pensamento difere do dos pais. O abuso intelectual também ocorre quando os pais invadem o processo de tomada de decisão dos filhos e decidem tudo por eles ou se omitem totalmente. Não é ensinado aos filhos que ter problemas e solucioná-los é normal.
A repressão da liberdade de pensamento das crianças impede a construção da identidade e individuação. Essas crianças, quando se tornam adultas, esperam que as outras pessoas lhe digam como fazer praticamente tudo. Algumas delas procurarão se casar com cônjuges controladores ou freqüentar ambientes onde haja regras muito rígidas. A prioridade do cuidador é impedir que as pessoas cresçam. O discurso usual do co-dependente é: "Depois de toda minha dedicação, você não pode ir embora".

Atuação da Codependência

Relacionamentos - O co-dependente tem hábitos e comportamentos autodestrutivos, que o mantêm preso a relacionamentos não gratificantes e o impedem de encontrar a felicidade na pessoa mais importante de sua vida: ele mesmo. Incapacidade de manter intimidade é uma das características mais marcantes do co-dependente.
Vícios - O codependente recorre aos vícios para fugir dos confrontos e das responsabilidades. Assim como vício ajuda o dependente a sentir-se temporariamente melhor, para o co-dependente, o resgate do outro representa uma fuga das próprias responsabilidades. O co-dependente não se sente digno de amor, e assim, se esforça para ser necessário - este é seu padrão de relacionamento e interação.
Doença física - Se por alguma razão o co-dependente não lançar mão de algum vício ou compulsão em busca de alívio, os sentimentos se expressarão por meio de sintomas crônicos persistentes que os médicos não conseguirão curar. Muitas pessoas são acometidas por doenças físicas desse tipo quando tentam evitar a dor de se apropriar de sua realidade e a dificuldade de aprender a vivenciar e expressar os sentimentos.
Espiritualidade distorcida ou inexistente - Dificuldade de acreditar em um poder superior. Sentimentos de inferioridade e imperfeição impedem a vivência da espiritualidade, assim como a arrogância e a mania de grandeza - neste caso considera-se desnecessária a proteção superior.

Satisfação das próprias necessidades - Crianças que tiveram todos os seus desejos e necessidades satisfeitos pelos pais em vez de serem educadas por eles para supri-los de maneira apropriada geralmente se tornam excessivamente dependentes na idade adulta. Eles têm consciência de suas necessidades e despendem enorme energia tentando fazer com que outra pessoa as satisfaça, lamentando-se ou exercendo alguma outra forma de manipulação.
Danos emocionais - Geralmente os co-dependentes são pessoas ressentidas - sentem raiva permanente de alguém, agarram-se à necessidade de punir a pessoa para reparar o sofrimento que acham que sofreram. Quando a pessoa se sente atacada em sua auto-estima, sente necessidade de acertar as contas e punir o outro.

Abuso espiritual

Muitos dos meus clientes não conseguem se sentir à vontade diante da idéia de Deus como "Pai", por causa do pai abusivo ou ausente que tiveram. É função dos pais desenvolverem espiritualmente seus filhos, de maneira saudável. Deve-se deixar claro que existe um poder superior que não é representado nem pelo pai nem pela mãe.
Os viciados em religião abusam basicamente dos filhos pela negligência, pela dedicação excessiva à igreja. Pais com este perfil usam Deus como uma droga para se tornarem mais poderosos, obterem controle e aliviar sua insuportável realidade. Como qualquer outro vício, o relacionamento com Deus pode aliviar a dor.

Casais que permitem que seus filhos durmam com eles, invadindo a intimidade dos pais, também é uma forma de abuso
Outra maneira abusiva de tratar os filhos é usar o conceito de Deus como forma de assustá-los e ameaçá-los. Os pais os manipulam e os controlam através da idéia do castigo divino, fazendo-os desenvolver o medo de Deus. As crianças distorcem o caráter de Deus, acreditando que ele seja punitivo. Pessoas que acreditam que Deus é um símbolo de castigo se tornam críticas e perdem a capacidade de se desenvolver espiritualmente.
Não posso deixar de mencionar que até líderes espirituais abusam das crianças, fazendo com que estas sintam ódio de Deus por ter permitido tal situação. Elas se tornam pessoas que sentem imensa raiva, que se não for expressa poderá desencadear a depressão e até o suicídio.

Abuso sexual

É muito mais amplo e complexo do que julga a maioria das pessoas. Mais tarde, os efeitos deste abuso tornam muito difícil a jornada do co-dependente em direção à cura. O abuso sexual nem sempre é manifesto e óbvio, não é necessário que ocorra o contato físico para que seja efetivado. Mas mesmo que seja expresso de modo sutil e oculto, seus efeitos sobre as crianças são reais e destrutivos na vida e nos relacionamentos.
Quando os pais têm problemas para desfrutar intimidade e satisfazer necessidades mútuas, podem estabelecer um relacionamento abusivo com um dos filhos. Pedindo consciente ou inconscientemente que este supra suas necessidades de afeto ou relacionamento romântico. Considero abuso os pais permitirem que os filhos durmam com eles, conduzindo a criança ao mundo íntimo que deveria pertencer somente aos pais.
Detecto com freqüência esta conduta em famílias nas quais o pai é viciado e fica muito tempo fora bebendo, ou está sempre ausente por questões de trabalho. Independentemente do vício, ele está fazendo algo longe da família e quase nunca está em casa para desfrutar intimidade com a mulher. Assim, a mãe se torna emocionalmente íntima de um dos filhos, passando a usar esta criança como um companheiro íntimo. Existem muitas dinâmicas de interação entre pais e filhos; duas crianças podem, por exemplo, ser arrastadas para o meio do casal, o pai fica com um dos filhos para si e a mãe fica com o outro.
A seguir, ilustro um quadro clínico: "Família com filha única que dormiu na cama com o pai até os 10 anos, enquanto sua mãe dormia no colchonete no mesmo quarto. Nesta situação ambos estão de acordo com o relacionamento íntimo entre o casal e a criança, e os pais ficam satisfeitos pelo fato de a filha estar desempenhando este papel na família. A função desta filha era mascarar a falta de desejo e intimidade deste casal".

Realidade pessoal distorcida

Falta identidade corporal ao codependente: extremos físicos podem se manifestar e até mesmo hábitos desleixados
A realidade do co-dependente se mistura com a vida da outra pessoa, e ele tenta fazer que o outro seja sua própria extensão. O co-dependente tenta interferir até na aparência do outro, na maneira como ele se veste, em quanto deve pesar, o que pensar e sentir, o que fazer ou não. É certo afirmar que a frustração e confusão do codependente se restringem basicamente às tentativas de controlar a realidade de outras pessoas e do fato de permitir ser controlado. Podem atingir quatro níveis:

Corpo: dificuldade de ver com precisão sua aparência - falta de identidade corporal. Os extremos físicos podem se manifestar também com a obesidade ou a magreza excessiva; ou ainda, por hábitos excessivamente asseados ou desleixados. Este comportamento é mais comum em indivíduos que sofreram abuso sexual;
Pensamento: dificuldade de expressá-los;
Sentimento: dificuldade de identificá-los e vivenciá-los. Suas emoções são pouco intensas ou inexistentes, ou são explosivas e angustiantes;
Comportamento: dificuldade de admitir o impacto do próprio comportamento sobre as outras pessoas. Também apresentam comportamentos extremos - ou confiam em todo mundo ou não confiam em ninguém.
A função do terapeuta é dizer ao cliente quando a aparência física, os pensamentos, os sentimentos ou o comportamento do cliente estão, de alguma maneira, adulterados, para alertá-lo para a realidade dele.

Pais co-dependentes comumente têm esse tipo especial de relacionamento com uma filha única. Isto faz com que ela se sinta confusa, mas ao mesmo tempo poderosa. Ela é a figura central e a confidente da família. Nesta experiência entre mãe e filha, esta é confidente e cuidadora daquela.
Quando a mãe faz de sua filha uma confidente, queixando-se de sua infelicidade conjugal, inexplicavelmente a filha quando adulta passa a querer aliviar a dor, o medo e a raiva de outras pessoas, na esperança de acalmar esses sentimentos dentro de si. Sem contar que sua crença em relação ao casamento e aos relacionamentos íntimos será abalada.
Evite rotular os filhos
Pais podem incorrer em erro grave ao rotular seus filhos, por exemplo: "O homenzinho da mamãe" (ou seja, o marido substituto da mamãe); "A menininha do papai" (ou seja, a esposa substituta do papai). Provavelmente, a figura da "menininha do papai" (a filha ser mais importante para o papai do que a mamãe) seja uma das experiências mais sedutoras de nossa cultura. Ao crescer, essa mulher irá comparar o pai com todos os homens com os quais se relacionar e geralmente não conseguirá encontrar um homem que represente para ela o que o pai representou. Além disso, esta filha poderá ter muita dificuldade em crescer e, de tempos em tempos, durante toda a sua vida continuará sendo uma menininha. Esse tipo de abuso confere muito poder à filha ou ao filho. As necessidades devem ser supridas entre adultos; mesmo que não ocorra nenhum contato sexual, o adulto está praticando abuso contra a criança.
Existem outras situações de abuso: beijar os filhos na boca; permitir que o filho mais velho acompanhe a mãe durante a ultra-sonografia do irmão (esta é função paterna, como o é, por exemplo, explicar à criança que o feto apresenta anomalia), etc.

Personalidades dependentes

Apesar de as conhecidas características deste padrão de personalidade dependente conferirem ao distúrbio a condição de distúrbio importante, o DSM-III considera como sua principal característica de comportamento permitir passivamente que outras pessoas assumam total responsabilidade por atividades importantes da vida do indivíduo, característica atribuída a sua falta de autoconfiança, bem como a dúvidas com relação a sua capacidade de viver de modo independente.
Personalidades dependentes apresentam insegurança e são facilmente seduzidos pelos outros. Eles acreditam que sempre haverá alguém bondoso que irá cuidar deles e proporcionar-lhes tudo de que precisam.
Um dos objetivos da terapia é promover a aceitação da realidade, o que significa reconhecer quem somos, onde trabalhamos, quanto dinheiro temos, quais são nossas responsabilidades.

Considera-se a proposição:

"Aceitação e Desligamento Emocional = Recuperação".

PERSONALIDADES DEPENDENTES ACREDITAM QUE SEMPRE HAVERÁ ALGUÉM BONDOSO QUE IRÁ CUIDAR DELES E PROPORCIONAR-LHES TUDO DE QUE PRECISAM

Todo processo de cura começa com a verdade. A verdade sobre a própria vida, sua história e suas perdas. É preciso descobrir quem somos.

Buscar autoconhecimento é a única maneira de desenvolver nossas potencialidades e expressar o melhor de nós.
("E conhecerão a verdade, e a verdade os libertará" - João 8:32)

Confrontar experiências como abuso sexual, violência doméstica, abandono ou o reconhecimento de que não tivemos pais com nível emocional apurado é muito sofrido, porém importante para seguirmos adiante.

A "cura" da Co-dependência começa com a busca pela verdade sobre a própria vida, sua história e suas perdas.

O desligamento dessas emoções é necessário no momento em que parecer menos provável ou possível. No entanto, tal desligamento não significa se afastar ou romper com o outro, mas libertar-se da agonia do envolvimento.
A base do desenvolvimento saudável é reverenciar os pais, respeitar o que significam e seguir em frente. O vínculo com a família é fonte de liberdade (mas é essencial que os filhos se emancipem e se diferenciem dos pais).

O desligamento deve ser feito com amor, pois quanto mais um filho rejeita os pais, mais vai imitá-los. Se rejeitar o pai por este ser alcoólatra, por exemplo, então a atenção se volta para a pessoa rejeitada. A condenação tem efeito negativo e perpetua o vínculo disfuncional em vez de desfazê-lo.
Quando um co-dependente interrompe a relação com a pessoa problemática, freqüentemente busca alguém com as mesmas dificuldades e repete os comportamentos co-dependentes com outros parceiros.
A família é um sistema que pode nos adoecer, não porque as pessoas sejam más, e sim pela profundidade dos vínculos e pela necessidade de compensação. Quando entendemos isso, paramos de nos envolver em loucuras e deixamos de ser vítimas. Deixamos de tomar conta compulsivamente de outras pessoas e tomamos conta de nós mesmos.

Esta é uma fase dolorosa do tratamento, mas não é um modo permanente de vida. À medida que o co-dependente confronta cada sintoma e inicia sua recuperação, certas características de pessoa saudável começam a aparecer e uma posição mais confortável se instala. Se o paciente não se considerar capaz de iniciar este processo sozinho, deverá buscar ajuda profissional.

Onde Se Acha o Amor? – Ivan Martins

Apesar da existência da internet, os encontros amorosos ainda ocorrem no mundo físico. É preciso sair de casa, conhecer pessoas e dar ao destino uma chance de fazer algo por nós.
Quando, na noite de sábado, a garota sem namorado decide ir a uma festa com os amigos, em vez de ficar em casa fuçando os perfis dos outros no Facebook, está fazendo um cálculo preciso: onde é maior a chance de conhecer alguém? 

Está provado, estatisticamente, que o amor não é um homem estranho que bate na porta com um ramo de flores, uma camisinha no bolso e um bilhete de avião para Paris.

Isso sempre me ocorre quando escuto – o que é frequente – duas mulheres discutindo sobre a tarefa aparentemente difícil de arrumar um namorado legal nos dias que correm. Em geral, fico tentado a me meter para sugerir que elas talvez estejam buscando nos lugares errados. Hoje, eu decidi que iria ceder à tentação e dar uns palpites nesse assunto. Depois de conversar com amigos e amigas, divido com vocês as opiniões que achei pertinentes.

A primeira delas, que vai irritar os boêmios: não ponha esperança demais em botecos e baladas. Eles não costumam ser o lugar onde se encontra gente que vai ficar na sua vida. Para uma mulher ou para um cara atraente, é fácil achar sexo na noite, mas o que acontece depois é muito incerto. O mais comum é acordar sozinha, ou, ainda pior, perceber que a pessoa ao lado não tem nada a ver. Decisões tomadas no calor da mesa ou da pista não costumam resistir às horas de sono ou de lucidez. Se você já conhece a figura e a convida a tomar uma, a chance de rolar aumenta muito. Se você vai à balada sabendo que lá vai estar o cara que você deseja, melhor. Mas, sair na sexta-feira, dos bares para a balada, na esperança de que o príncipe encantado apareça do nada, com uma lata de cerveja na mão, pode ser bem frustrante.

A internet tornou-se um lugar privilegiado de encontros, mas seu efeito nas aproximações é ambíguo. Funciona de uns jeitos e não funciona de outros. Usar o Facebook para se aproximar da garota do trabalho que você acha bonita ou do cara que você conheceu na festa do amigo costuma ser legal. Tem gente para quem isso funciona tão bem que virou abordagem padrão - com a vantagem de que a redes sociais contam muito sobre a pessoa antes de você chegar perto dela. O que eu acho que não rola é usar a internet para se aproximar de completos estranhos: viu uma foto no timeline, achou a pessoa bonita, manda uma mensagem, “oi!” Quem recebe esse tipo de torpedo fica com a impressão que do outro lado tem um cara ou uma garota disparando span para todos os lados. Não é legal.

Na internet estão também os famosos serviços de promoção de relacionamentos. Você se cadastra, paga uma grana e o sistema sugere sair com fulano ou sicrana. As (poucas) pessoas que eu conheço que já fizeram isso conseguiram encontros e transas. Têm histórias divertidas para contar, mas nenhuma achou o amor virtual. Parece ruim? Não necessariamente. Para quem está por baixo e sente que a vida empacou, esse tipo de serviço pode funcionar como o socorro que a seguradora manda quando seu carro ficou sem bateria: oferece uma recarga de autoconfiança, faz com que você dê a partida e põe o carro em movimento. Às vezes é tudo que a gente precisa.
Quando se trata de encontrar pessoas, eu acredito em grupos: escola, trabalho, amigos. Em geral é aí que as coisas rolam. Melhor que a balada anônima é uma festa de aniversário, onde você já conhece parte das pessoas e tem a chance de conhecer outras, que terão alguma conexão com você. Amigos de amigas são candidatos naturais a namorados. Eles já chegam filtrados por interesses e origens comuns – aquilo que uma amiga minha chama de “indicação”. Ela, efetivamente, sai perguntando aos conhecidos sobre os caras que acha interessante: “Você acha que eu combino com ele?” O grupo ajuda a recomendar e selecionar. 

Se você está sem grupos, invente um. Cursos são lugares espetaculares para aprender e para conhecer gente. Há cursos de todos os tipos e neles há todo tipo de pessoas. Pode ser um encontro de gastronomia, um curso de teatro ou aquela aula de dança de salão que você está adiando desde que tinha 18 anos. Funciona. Tampouco descarte as viagens em bando ou grupo organizado. Elas costumam ser divertidas e oferecem a oportunidade de conhecer pessoas com o mesmo pique. Depois de três dias fazendo tracking na Chapada Diamantina ou acampando no Pantanal, todo mundo fica meio íntimo – e há reuniões posteriores, trocas de fotos pela internet. As coisas não acabam ali.

O essencial, quando se trata de encontros amorosos, é criar oportunidades para que eles aconteçam. Na tarde de sábado, por exemplo, por que não chegar ao cinema meia hora antes do filme e tomar um café, sem Ipod nos ouvidos e sem estar mergulhada num livro? Isso oferece a quem está em volta uma chance de aproximação. Às vezes isso é tudo que o destino precisa para colocar a pessoa certa na mesa ao lado, sozinha e louca para conversar. Pode não ser o grande amor da sua vida, mas talvez venha a ser um bom amigo – que talvez tenha um irmão, ou um amigo, que nasceu com a missão de dar a você os melhores dias da sua vida.